terça-feira, 6 de abril de 2010

Sem nome.




De início o dia fica, de repente, nublado.

Você olha e enxerga tons de cinza.

Aí a garganta arranha, e sem mais surge um nó.

A voz não sai como planejada, você engasga, finge tossir...

Liga o botão “automático” e continua o dia.

Mas aí tem a noite, e as noites costumam te encontrar sozinha.

Não tem mais como fingir tosse, fingir o não-cor, fugir da dor.

Ela principia branda:

O nó na garganta vira um grande vácuo no peito; parece até que tiraram algum órgão vital que morava por ali.

No escuro, sozinha e solitária, a opção é se entregar e deixá-la sair:

Tímida a princípio, escorre sem pressa pelo canto do olho, desenhando o contorno da maçã do rosto e caí no travesseiro. Só uma.

Você tenta encontrar significado para ela: se pergunta por quê.

E para seu espanto, mesmo não tendo sentido aparente, surge mais uma e mais uma e a visão turva, e o quarto perde o tom cinza. A tosse contida transforma-se em soluço e o peito arde com o ar inalado.

E a manhã te pega assim, desprevenida, com o travesseiro encharcado, os olhos túmidos, o peito fendido, indagando o por que.

Buscando significação para o que não pode ser compreendido, pois não existe compreensão plausível para uma dor sem nome.


lfg, 06 de abril de 2010

Um comentário:

  1. A dor pode não ter nome.
    Mas as lágrimas apenas vertem em olhos que vivem de fato.
    Elas jorram e buscam sentido, quando na verdade o único sentido é a própria verdade.
    Lilian quem vive verdadeiramente e sente verdadeiramente é que sentem, vivem e sofrem com as lágrimas que não tem nome.

    Beijos minha linda.
    No que precisar, hoje e sempre...
    Estarei aqui.

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