De início o dia fica, de repente, nublado.
Você olha e enxerga tons de cinza.
Aí a garganta arranha, e sem mais surge um nó.
A voz não sai como planejada, você engasga, finge tossir...
Liga o botão “automático” e continua o dia.
Mas aí tem a noite, e as noites costumam te encontrar sozinha.
Não tem mais como fingir tosse, fingir o não-cor, fugir da dor.
Ela principia branda:
O nó na garganta vira um grande vácuo no peito; parece até que tiraram algum órgão vital que morava por ali.
No escuro, sozinha e solitária, a opção é se entregar e deixá-la sair:
Tímida a princípio, escorre sem pressa pelo canto do olho, desenhando o contorno da maçã do rosto e caí no travesseiro. Só uma.
Você tenta encontrar significado para ela: se pergunta por quê.
E para seu espanto, mesmo não tendo sentido aparente, surge mais uma e mais uma e a visão turva, e o quarto perde o tom cinza. A tosse contida transforma-se em soluço e o peito arde com o ar inalado.
E a manhã te pega assim, desprevenida, com o travesseiro encharcado, os olhos túmidos, o peito fendido, indagando o por que.
Buscando significação para o que não pode ser compreendido, pois não existe compreensão plausível para uma dor sem nome.
lfg, 06 de abril de 2010
A dor pode não ter nome.
ResponderExcluirMas as lágrimas apenas vertem em olhos que vivem de fato.
Elas jorram e buscam sentido, quando na verdade o único sentido é a própria verdade.
Lilian quem vive verdadeiramente e sente verdadeiramente é que sentem, vivem e sofrem com as lágrimas que não tem nome.
Beijos minha linda.
No que precisar, hoje e sempre...
Estarei aqui.