quinta-feira, 3 de junho de 2010

O amor é impensável sem um bode tocando violino.

“La Mariée”- Chagall.

O dia dava cambalhotas!
Logo ao acordar teve que saudar o sol que penetrava as frestas da janela de seu quarto. Como não se alegrar com tão gentil intruso, que trazia consigo um quê de aconchego cálido?
A água do banho lavava o corpo, pois a alma acordara lavada.
O café parecia mais doce que de costume e o pão fresco estralava a cada mordida.
Na rua as pessoas pareciam mais gentis: bons-dias e olás, aos quais respondia com o sorriso que lhe ia na alma.
A natureza confabulava! Pássaros cantavam alegres nas copas das árvores e o vento acompanhava a sinfonia. Tudo dançava: as folhas e galhos, os arbustos, as flores pequenas dos jardins por onde passava. Até o som habitualmente estressante do trânsito, neste dia, vinha se juntar à canção.
No caminho decidiu que não iria ao trabalho. Ligou e deixou o recado:
- Se hoje for o dia do meu eterno retorno, tomo ele em minhas mãos.
Claro que ninguém entendeu, mas não se preocupava com os outros. Desligou o celular, parou o carro no primeiro estacionamento e ganhou o mundo a pé.
Logo chegou ao parque pelo qual passava todas as manhãs, sempre com o pensamento de que, quando tivesse tempo, deitaria na grama e buscaria desenhos nas nuvens.
Elefante, pato, cachimbo, girafa, sorvete de bola, sono... sonhou:
O dia nascera lindo, com o sol brilhando dourado, colorindo o mundo. Ela era dourada também. Largou mão da rotina e foi juntar-se às cores. Queria que todos os dias fossem pintados assim.
Quando ouviu chamarem seu nome não sabia se era de dentro do sonho; preferiu acordar. Olhou ao redor e, não vendo ninguém, decidiu procurar. O parque estava quase vazio (um desperdício) e dentre as pessoas próximas não via ninguém a quem pudesse reconhecer e vincular o chamado.
Talvez fosse seu inconsciente chamando para o resto do dia. Ligou o celular e discou o número.
Marcado o encontro inusitado, lá foi com o corpo dourado e a alma brilhante selar o seu dia eleito: não faltava mais nada.
Com a cabeça sobre o peito dele, sentindo a respiração quente como havia sido o sol pela manhã (aconchego), adormeceu entre seus braços, em paz.
O dia dava cambalhotas!
Logo ao acordar teve que saudar o sol que penetrava as frestas da janela de seu quarto. Como não se alegrar com tão gentil intruso, que trazia consigo um quê de aconchego cálido?


LFG, 03 de junho de 2010.

8 comentários:

  1. Sempr bom pra alma esses sonhos e desatinos de amor,,,,beijos de bom feriado.

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  2. Amiga...queria eu conseguir me aconchegar no peito sonhado e entrar no mundo onírico...suponho que lá, as cores, sabores, odores sejam mais pronunciados do que nessa vida onde o concreto nos assola a alma, nos entristece e nos arranca lágrimas de desesperança.
    Credo...hj estou pior que Maquiavel....kkkkk
    Bjs e mais bjs Flor.

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  3. Lilian..tentei retribuir o carinho que recebo de vc no Cítrico - tem selos pra vc por lá..rs

    beijos cintilantes

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  4. Concordo com a Lila, queria eu também ter esses sonhos e me aconchegar por lá, no delicioso mundo onírico. Seu texto é suave como a brisa da manhã. Faz a gente ter vontade de amar, de viver... Muito bom!

    Beijos!

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  5. Um beijo carinhoso de otimo final de semana pra ti amiga...

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  6. Passear sob sua prosa é, também, sonhar estar num aconchego, pois suas palavras vai entrando suave e devagar até tomar posse de nós. Bjos.

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  7. Este post foi especialmente delicioso fiquei pensando como tenho sonhado pouco e acordado mau nos últimos tempos!LINDO POST LINDA!

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  8. Lindooooooooo poema! *-*
    construí toda a história na minha mente. quero guarda-lo por um bom tempo

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