Quando criamos um ideal depositamos nele tudo o que supomos faltar em nós.
A criação de um “ideal” passa pela falta, pelo buraco no peito que sempre carregamos, independentemente de tempo, lugar, ou qualquer circunstancia.
Falta que será sempre nosso carrasco, determinando nossas escolhas, atraindo pessoas e provocando situações que, conscientemente, negamos como nossas.
Tendemos a procurar sempre no outro o que falta em nós, ainda que não saibamos o que de fato nos falta.
A criação de um modelo ideal não é em si problemática. Pois a criação de um ideal serve para abrandar a angústia que o buraco causa. O problema reside em, sempre que encontrando o ideal no outro, ao nos aproximarmos do outro, nos decepcionamos, já que o outro não pode corresponder nunca ao nosso “ideal”.
Podemos ter nossos ideais, idealizar situações, pessoas, amantes e amados. Não existe mal nisso. Só não podemos exigir que o outro seja o que criamos para ele.
Se fizermos isso, inevitavelmente, nos decepcionaremos e – pior – jogaremos no outro toda a culpa por não ser o que imaginávamos que seria.
Portanto, idealizemos! Entretanto, com a consciência de que é um desejo nosso e não do outro. Ele pode te dar o que ele é - não o que você quer que seja.
E se o que ele é for bom, mas não for o ideal, fique com o bom; você nunca terá o ideal!
(Não é conformismo. Viver em busca de algo idealizado é conformismo, já que não temos que nos comprometer com o que é impossível.)
lfg, 26 de março de 2010.
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